Linguagem x Relação Social
Ingrid
Scotti Cardoso – CRP: 06/133031
Eu sempre alerto
aos pais de crianças Autistas, aflitos porque sua criança não é verbal, que
essa não deveria ser nossa maior preocupação. Uso como exemplo indivíduos
surdo/mudo, que talvez nunca se apropriem da linguagem verbal, e ainda assim
serão capazes de comunicar-se, e desenvolver relação social. Isso porque tem
intenção comunicativa, deseja relacionar-se com o outro, e de alguma maneira
comunicar-se, e por isso desenvolvem mecanismos de comunicação – não verbal.
A
dificuldade comunicativa do autismo vai muito alem da comunicação verbal, elas
se apresentam nas dificuldades de expressar seus desejos, opiniões ou
necessidades, de forma espontânea e funcional.
Quando
falamos do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), nosso trabalho como
terapeutas, para favorecer a comunicação e consequentemente a relação social é
despertar nesse indivíduo o interesse em relacionar-se, ajudá-lo a descobrir a
função comunicativa, e enfim auxiliá-lo a comunicar-se; seja apontando, usando
as PECS (sistema de troca de figuras), ou até mesmo através da linguagem
verbal.
Mas como
posso ajudar meu filho nessa fase?
Sabemos que
não existe uma “receita” pronta para essa pergunta, mas algumas dicas podem
ajudar.
Use os interesses de seu filho para iniciar uma interação. Todos nós
gostamos de conversar sobre assuntos que nos interessam, a criança TEA não é
diferente. Normalmente as crianças com diagnóstico de autismo costumam ter objetos de interesse bem específicos e muitas vezes optam
por brincar sempre com os mesmos brinquedos, ou assistem sempre aos mesmos
desenhos e filmes. Vamos imaginar que seu filho se identifique com um
personagem, por exemplo, o vagão de trem Thomas, do desenho “Thomas e seus
amigos”, sente próximo a ele com esse personagem em mãos, comece brincando com
o vagão, deixe que ele se aproxime, faça os sons do trem, mostre como pode ser
divertido brincar com você.
Mas não se esqueça, é preciso paciência e persistência, nem sempre da
primeira vez você terá o sucesso desejado.
Dessa mesma forma trabalhamos nas terapias, desenvolvemos programas
específicos para cada paciente, e partimos sempre do objeto de interesse da
criança, para obtermos uma reposta positiva e muito mais rápida.
Existe uma razão para cada autista adotar
um interesse específico. Se descobrirmos essa razão seremos capazes de
encontrar nossas crianças, despertarmos seus talentos e nos aproximarmos delas.